Aqui está uma pequena contribuição da minha parte sobre os temas abordados para o trabalho.
Ser adepto de futebol ou estar identificado a um grupo qualquer, envolve uma grande carga emocional, algumas vezes racional outras nem por isso. O que define essa fronteira? Que sentimentos ambíguos podem provocar essas emoções?
Quando falamos no caso do futebol, a paixão por um clube envolve, claro um grande grau de irracionalidade. Se calhar, por isso é que é tão popular...só quem passa pela experiência de ver o seu clube ganhar num estádio cheio de adeptos e simpatizantes pode falar sobre a paixão, emoção que isso envolve. A irracionalidade criada quando as coisas não correm bem fogem ao paradigma do ser social das sociedades ditas desenvolvidas.
Nesse ponto surgem os tristes e badalados casos de holiganismo. Se ser adepto é sofrer e estar preparado para sofrer, pela sua equipa, nada disso pode justificar a ausência de racionalidade e na radicalidade das suas acções. A violência que alguns grupos de adeptos utilizam não pode ser justificada pela paixão pelo clube. Esse descontrolo emocional faz com que um sentimento de vivência social, independentemente de raças, sexo, religião ou classes sociais, perca aquilo que o jogo deve ser e ter, o respeito pelo próximo.
Em consonãncia com esta atitude, fundou-se em Portugal, a 2 de Outubro de 2003, a APADEPTOS, (Associação Portuguesa de Adeptos) que tem como objectivo geral a dignificação e promoção da condição de adepto do desporto, dando relevo a sua dimensão, social, cultural e ética. Quando se aborda o tema, adepto, vem logo à memória a conetação demasiado negativa que existe em seu redor, como se adepto e hooligan fossem a mesma pessoa.
O Hooligan tem, usualmente, uma ligação a grupos extremistas neo-nazis, como por exemplo os Skinhead. Teve na década de sessenta e em Inglaterra a sua origem. Apesar de poder ser considerado especificamente como um problema de violência desportiva, pode ser perspectivado numa vertente mais vasta, de delinquência juvenil e do surgimento de sub-culturas marginais. Embora o fenómeno assuma diferentes vertentes nos diversos países em que tem mais expressão, há algumas semelhanças no que diz respeito aos estágios de desenvolvimento do problema. Na maior parte dos casos, há um estágio inicial de violência esporádica dirigida contra os árbitros e jogadores, só mais tarde surgindo a violência entre grupos de adeptos diferentes, ou entre estes e a polícia, dentro dos estádios. O último grau de violência a surgir é o que transborda para fora dos estádios, sendo frequentemente acompanhado não só da violência entre grupos rivais e as forças de segurança, mas também de actos de vandalismo.
Na maior parte dos países, a violência surge sobretudo entre clubes e não tanto com a selecção nacional e o vandalismo surge sobretudo da parte dos grupos que estão de “visita” e não dos que estão “em casa”. Deste modo podemos diferenciar entre adeptos e hooligans, mas o que motiva essa diferença? O que faz com que determinadas camadas da população jovem se possam sentir atraídas para este tipo de grupos?De facto, em muitos casos o ponto fulcral parece ser o da necessidade de “pertença” e da obtenção de reconhecimento social. Como se se tratasse de um “rito de passagem” sui generis, em que o jovem se submete a determinadas provas para demonstrar a sua valentia, fiabilidade e coragem. Nalguns casos, o grupo hooligan aparece como uma “família” alternativa, especialmente quando a conjuntura social não é das mais estáveis e a integração num grupo “forte” promove a identificação e o desenvolvimento de uma identidade.
Em suma, é importante ter em mente e saber distinguir todos estes aspectos, para que, possamos lembrar que os adeptos e as claques de um modo geral, são bastante benéficos no apoio e desenvolvimento do fenómeno desportivo, desde que exista fair-play e respeito pelo próximo.