quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Representações sociais

Nós temos um conjunto de noções que são comuns às outras pessoas. São o conjunto de explicações, noções, informações que os elementos de um grupo partilham, é o que nós, colectivamente partilhamos.
São reconstruções do real, ou seja, interpretações que uma sociedade tem acerca de tudo quanto existe. Todos nós temos em comum uma família, amigos, um conjunto de ideias que partilhamos. Permite que consigamos comunicar entre todos e compreendermo-nos.
As representações sociais são sempre marcadas pela cultura e pela sociedade. Nós não temos consciência que fazemos representações sociais. São inalteráveis e são possibilidades de haver estabilidade e conexões num grupo.
A influência social refere o mecanismo através do qual algumas pessoas exercem influência e alteram o comportamento, o modo de ser, de estar e de pensar, daqueles que as rodeiam.
Dizemos que os comportamentos são influenciados socialmente, quando estes se modificam face à presença de outra pessoa.
A influêcia social resulta da interacção grupal, isto é, da inter-comunicação e influência mútua que os membros de um certo grupo exercem entre si (uns influenciam os outros).
Portanto, a influência social é quando as acções de certos indivíduos condicionam as acções dos outros resultando na alteração do seu comportamento.facto.

A influência social manifesta-se de três formas distintas: normalização, conformismo e obediência.


1 – Normalização

As normas enquanto regras sociais que traduzem os valores e princípios dominantes numa dada sociedade – são um factor imprescindível na nossa vida, permitindo uma certa estabilidade do meio e uma maior facilidade na aprendizagem de comportamentos.
Sem as normas sociais (vinculadas através dos processo de socialização), as relações interpessoais seriam dificultadas, ou seja, não conseguiríamos descodificar, nem prever o comportamento das pessoas com quem estabelecêssemos uma interacção (a normalização é fundamental à harmonia social).
As normas traduzem o que é socialmente desejável e conveniente, no âmbito de um certo grupo, ou seja, indicam os limites que não podem ser ultrapassados.
A interiorização dos valores e das normas por parte dos elementos do grupo – coesão grupal – originaram modelos de comportamento gerais aceites por todos, os quais tornam possível a vida em sociedade, ou seja, estabelecem uma ordem social.


Conformismo

A influência social é uma dimensão da interacção que se estabelece no interior de um grupo pelo facto de se estar junto de outras pessoas. A interacção implica que os sujeitos ajam uns sobre os outros.
Os indivíduos modelam o seu comportamento segundo as normas e os valores dos grupos a que pertencem: na família, na escola, no grupo de trabalho, nos grupos de lazer. É nos grupos que se realizam as aprendizagens, as normas, é nos grupos que emergem os modelos desejáveis e se exercitam os papéis sociais. Aliás, a vida em grupo implica obediência às suas normas formais e informais. A sua não aceitação por um elemento, pode conduzir a atitudes, de repressão e rejeição.
O conformismo, como forma de influência social traduz o processo que leva um indivíduo a modificar o seu comportamento, as suas atitudes, por influência ou pressão de grupo. A pressão do grupo é fortíssima e praticamente irresistível. O mesmo acontece com os líderes naturais ou fabricados, cuja pressão pode conduzir a um comportamento equilibrado, sociável e até humanitário (causa de Timor). Outras vezes a pressão do lider pode dar origem a erros terríveis que marcam a história: nazismo.
Diz-se que uma pessoa é conformista quando se comporta em sintonia com as normas e expectativas do grupo, quando age e pensa de acordo com as tendências dominantes do grupo em que se insere.
Existem pressões sociais mais ou menos explícitas, que tendem para a conformidadee social e para a coesão grupal. Esta última depende da aceitação das normas e valores por parte dos seus membros. A recusa ou transgressão conduz ao isolamento social, marginalidade e à aplicação de sanções.

Segundo Asch o comportamento conformista obedece a um conjunto de factores:
Unanimidade do Grupo – o conformismo é maior nos grupos em que há unanimidade.
Natureza da resposta – o conformismo aumenta quando a resposta é dada publicamente.
Ambiguidade da situação – a pressão do grupo aumenta quando não temos a certeza do que é correcto, ou seja, quando a opção não é clara nem inequívoca.
Importância do grupo – quanto mais o grupo for atractivo, maior conformidade.
Auto-estima – as pessoas com um nível elevado de auto-estima tendem a manifestar-se independência nas suas posições. Pessoas com auto-estima mais baixa, com menos autoconfiança, apresentam com mais frequência comportamentos conformistas.



Obediência O desejo de ser aceite leva, algumas vezes, o indivíduo a obedecer, submetendo-se às ordens dos outros. Trata-se de indivíduos que são incapazes de exprimir as suas opiniões ou tomar atitudes em desacordo com o grupo de que se sentem dependentes. Incapazes de tomar decisões, curvam-se às exigências dos outros, esperando vê-los agir para saberem como fazer. Fugindo à rejeição social com medidas meramente defensivas, tais pessoas manifestam exagerado servilismo de condutas, que não podem ser consideradas como exemplos de comportamentos socialmente adaptados.

O que significa obedecer? O que é obediência?

Obediência é a tendência das pessoas para se submeterem e cumprirem normas e instruções definidas e ditadas por outrem.

No que respeita a à atitude de obediência, os trabalhos mais conhecidos devem-se a Stanley Milgram, professor da Universidade de Yale.

O efeito de Milgram
Milgram organizou várias experiências, entre as quais a que a seguir apresenta:
1- Um voluntário apresentava-se para participar na experiência, sem saber que seria avaliado na sua capacidade de obedecer a ordens. Era colocado no comando de uma falsa máquina de infligir choques;
Os sujeitos eram encarregues num suposto papel de “professor” numa experiência sobre “aprendizagem”.
2-A máquina estava ligada ao corpo de um homem mais velho e afável, que era submetido à uma entrevista numa sala ao lado. O voluntário podia ver o homem mais velho, mas não era visto por ele;
3- O voluntário era instruído por um investigador a accionar a máquina de choques todas as vezes que a pessoa errava uma resposta. A intensidade dos choques aumentava supostamente 15 volts por cada erro cometido, desde 15 (marcado na máquina como “choque ligeiro”) até 450 volts (marcado na máquina como “perigo: choque severo”);
4- À medida que a intensidade dos choques aumentava a pessoa queixava-se cada vez mais até que se recusa a responder;
O experimentador ordena ao sujeito para continuar a administrar choques. ”Você não tem alternativa, tem que continuar”.
Mesmo vendo o sofrimento, a maioria dos voluntários continuava a obedecer às ordens e infligindo choques cada vez maiores. A intensidade máxima, 450 v, significaria hipoteticamente matar a outra pessoa. 65% das pessoas obedeceram às ordens até o fim e deram o choque pretensamente fatal.
Daqui pode-se inferir que o estatuto do líder é determinante no comportamento dos indivíduos. Quando a pessoa que dá as ordens não tem qualificações científicas, a sua credibilidade diminui fortemente. A crença na ciência e nos “batas brancas” parece produzir nas pessoas um efeito quase mágico de aceitação e de colaboração imediatas.


Factores de obediência:
Milgram evidenciou alguns factores que intervêm no fenómeno da obediência:
Autoconfiança. As pessoas com menos confiança em si próprias tendem a ser mais obedientes.
Desejo de ser bem aceite. Há uma estreita ligação entre submissão e recompensa. Assim, as pessoas tendem a socialmente obedecer, adoptando comportamentos que lhes proporcionam a recompensa de se sentirem apreciadas e queridas no grupo.
Desejo de agradar. Quanto maior é o desejo individual de “cair nas boas graças”, tanto maior é a tendência a obedecer.
Atracção pessoal. O poder atractivo de uma personalidade forte contribui para que os outros tendam a comportar-se de modo complacente e submisso.
Autoridade. Pais, professores, políticos, líderes religiosos ou cientistas são exemplos de pessoas cuja autoridade leva os indivíduos a aceitar as suas opiniões e a obedecer às suas ordens.
Credibilidade. Confiar naqueles que julgamos competentes, faz com que obedeçamos às suas ordens, pois a credibilidade que nos merecem é, para nós, uma espécie de garantia de verdade das suas posições.

António Pires
Carla Monteiro
Carla Valente
Rita Jesus

Sem comentários: