quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Um olhar sobre alguns dos Princípios de Treino



O treino desportivo, como qualquer outra área das ciências, exigem rigor, honestidade e clareza na hora de assumir uma planificação. Assim, importa atender a um conjunto de princípios, que não sendo estanques, nos podem ajudar a orientar as tarefas do treino. A reflexão que segue tem como objectivo lançar um olhar sobre os princípios do treino.

O Princípio da Individualidade Biológica


No entender de Tubino, “a individualidade biológica o fenómeno que explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam pessoas iguais entre si.” (TUBINO, 1984, p. 100).Nos Jogos Desportivos Colectivos, caso do Futebol, não podemos olhar para a equipa, como se todos os seus elementos fossem iguais. No treino com jovens não se deve procurar a formação de equipas, mas o desenvolvimento de atletas, e sobretudo, a formação de homens. O desenvolvimento de todos os atletas de uma equipa, reclama por parte do treinador a adopção de metodologias diferenciadas que vão ao encontro das necessidades de cada atleta. Acreditamos que nas fases mais jovens a individualidade deve ter maior relevância quando comparada com o grupo.


O Princípio da Adaptação


Adaptação é um dos princípios da natureza. A capacidade de adaptação, mostra que os seres vivos em diferentes modos e intensidades, não teriam sobrevivido ou conseguido sobreviver por longos tempos e em diferentes ambientes. O próprio homem conseguiu prevalecer no planeta, como espécie, devido à sua capacidade de adaptação (Lussac, 2008).Segundo Weineck (1991), a adaptação é a lei mais universal e importante da vida. Adaptações biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase todos os sistemas. Sob “adaptações biológicas no desporto”, entendem-se as alterações dos órgãos e sistemas funcionais, que aparecem em decorrência das actividades psicofísicas e desportivas. Assim, compreendemos a necessidade de adaptação constante no Contexto Desportivo, visto às acções que ocorrem neste não terem uma sequência lógica, programa ou pré-determinada, mas muitas vezes aleatória, levando a necessidade de o indivíduo se ajustar continuamente.


O Princípio da Continuidade


Este princípio está profundamente ligado ao da adaptação, pois a continuidade ao longo do tempo é capital para o organismo, progressivamente, se acomodar.Desta forma, fica patente que qualquer processo de treino, se pretende ter sucesso, não pode estar associado a existência de grandes hiatos, sob pena de comprometer todas as apropriações feitas anteriormente. O treino desportivo reclama um seguimento pouco atreito a largos períodos de aprendizagem. Um bom exemplo para ilustrar este princípio, são os casos dos atletas que se lesionam por largos períodos, levando-os a perdas significativas.No treino com jovens, é difícil a aquisição de aprendizagens, se os momentos de treino tiverem um grande interregno.


O Princípio da Especificidade


De acordo com Dantas (1995), a partir do conceito de treino total, quando todo o trabalho de preparação passou a ser feito de forma sistémica, integrada e voltada para objectivos claramente enunciados, a orientação do treino por meio de métodos de trabalho veio, paulatinamente, perdendo a razão de ser. Na verdade, a especificidade orienta o treino para os objectivos próprios da modalidade e as adaptações realizadas vão ao encontro das necessidades impostas pelo jogo. No treino com jovens, deverá existir uma estreita relação entre este princípio e o princípio da multilateralidade.


João Chagas

Sem comentários: