sábado, 2 de janeiro de 2010

"Obdiência" de Milgram e consequente dilema de Heins

Como já foi referido, a obediência descrita na experiência de Milgram ajuda a perceber que por vezes as pessoas tomam certas atitudes, por acharem que como foi ordem de superiores se conseguem descartar das culpas, ou simplesmente por falta de coragem de se opor aos seus superiores, que podem prejudicar outras pessoas, humilhando-as, magoando-as ou até matando-as, para não se prejudicarem a si próprias.
Desta forma, e sobre este assunto, iremos falar agora de casos mais específicos relacionados com o desporto, como foi sugerido na aula.
Como se sabe, uma organização desportiva encontra-se hierarquizada, sendo que aqueles que, regra geral, se ouvem mais falar são os presidentes e os treinadores dessas mesmas organizações.
Em certas equipas existe uma pressão muito grande para vencer, principalmente, pegando no caso dos desportos colectivos, nas chamadas “equipas grandes” dos vários países. Esta pressão que existe, proveniente tanto da massa adepta, como dos dirigentes, como dos treinadores ou até dos próprios jogadores da equipa, torna, por vezes, o desporto numa competição sem fair-play, onde o objectivo é vencer a todo o custo.
Desta forma, os jogadores por vezes recebem ordens para fazer faltas e “destruir jogo” de forma a que a sua equipa saia beneficiada, estragando, assim, o espectáculo.
Exemplo desta falta de fair-play é o perder tempo a repor a bola em jogo ou o simular lesões, quando se está a ganhar, e o fazer faltas intencionalmente quando um jogador da equipa contrária vai isolado para a baliza.
Nestes exemplos acima descritos pode-se encontrar o dilema de Heins, embora não sendo um caso tão importante como a vida de uma pessoa, e a obediência da experiencia de Milgram.
Em relação a esta última, a relação é óbvia, pois tal como na experiência há pessoas hierarquicamente superiores a outras, neste caso os dirigentes e treinadores sobre os jogadores, que dizem/pedem aos seus pupilos que façam esse anti-jogo e, por consequência, falta de fair-play. Como a decisão de um jogador jogar ou não está nas mãos do treinador e o ordenado do mesmo estar ao encargo dos dirigentes, o jogador terá de fazer uma escolha, consistindo essa escolha em continuar com o fair-play e prejudicar-se a si, ou então prejudicar o jogo em prol de si e da sua equipa.
É exactamente nesta escolha que entra a parecença com o dilema de Heins. Apesar de não ser tão desesperada como esta última, a decisão do jogador terá um impacto grande. Impacto esse que depende da sua escolha: ou prejudica o jogo, ou se prejudica a si. Desta forma ocorrerá um dilema moral no jogador, que terá dificuldades em fazer a sua escolha. (Apesar de tudo a decisão deste dilema recai quase sempre para a falta de fair-play).

Como podemos reparar, a lei da obediência, e consequente dilema de Heins, existe em muitos casos da vida humana e inclusivé no desporto. Cada pessoa em cada situação específica é que tem de decidir qual a melhor maneira de ultrapassar a situação.
Normalmente, e infelizmente para o desporto, é quase sempre este que sai prejudicado.



Trabalho realizado por Bruno Dias, Miguel Abreu e Rafael Ribeiro.

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